quarta-feira, 28 de setembro de 2011

EJA

A Educação de Jovens e Adultos apresenta-se como um importante segmento de atuação tendo em vista o enorme contingente de pessoas que não teve oportunidade de acesso a um nível de escolaridade em idade dentro dos padrões mínimos aceitável para o ingresso no ensino regular.  
A Educação de Jovens e Adultos (EJA), em outros tempos estava alicerçada na modalidade de ensino que visava suprir a deficiência existente na época, mais conhecida como Ensino Supletivo, além de outras formas alternativas, cujo intuíto era dar continuidade a educação.

Nunca é tarde para recomeçar

Vivemos em uma sociedade em que ambos discriminam qualquer classe social . Falando de educação, muitas pessoas não tiveram a oportunidade de estudar no ensino regular. Em geral os jovens e adultos apresentam um tempo maior de escolaridade, com repetências acumuladas e interrupções na vida escolar. Muitos nunca foram à escola ou dela tiveram que se afastar, quando crianças, em função da entrada precoce no mercado de trabalho, ou mesmo por falta de escolas. Esses jovens e adultos que, retornam à escola, o fazem guiados pelo desejo manifesto de melhorar de vida, de viver um presente melhor. Retomam também por exigências ligadas ao mundo do trabalho. Para muitos, o certificado de conclusão do ensino médio é condição para permanecer no emprego. Portanto, voltando ao mundo da leitura, escrita e até mesmo dos cálculos, diminui assim, as marcas da exclusão em nossos alunos jovens e adultos.
(Cíntia Costa Soave Lorenzon)

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Analfabetos Funcionais no Brasil( Pesquisa publicada)

Em 17/11/05, numa quinta-feira, no programa Atenção Brasil transmitido pela Cultura
FM, ouvi uma entrevista com o Dr. José Aristodemo Pinotti, à época Secretário da Educação de São Paulo, que dizia que “há várias crianças não alfabetizadas na 3ª série”.
O que aparenta ser um horror, é na realidade, bem mais comum do que deveria:
Domingo, 17 de setembro de 2006, no Caderno Nacional de O Estado de São Paulo, uma
manchete saltou aos olhos: “Taxa de analfabetismo reduz ritmo de queda no governo Lula”. O autor Fernando Dantas conseguiu deixar clara a crueza dessa realidade através de índices reais, obtidos de fontes tais como o PNAD/IBGE:

Segundo a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2005), o
analfabetismo vem registrando queda, de 1992 até 2002, de 0,5 % ao ano. Nos últimos anos essa queda ficou em 0,3 % ao ano, ou “em termos absolutos, havia 14,8 milhões de analfabetos em 2002 e, em 2005 esse número tinha caído apenas para 14,6 milhões”. Os números são explicados apenas por variações demográficas, o que implica que esses 0,3% de redução ao ano se devem principalmente pela morte de idosos analfabetos.
Segundo Dantas, “esses resultados...estão deixando perplexo o governo, que gastou, entre 2003 e meados de 2005, um total de R$ 330 milhões para alfabetizar 3,4 milhões de adultos, por meio do programa Brasil Alfabetizado”. Uma das possibilidades para explicar tal contra-senso segundo a matéria, seria, nas palavras do Secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação, Ricardo Henriques, “que o programa está atraindo muitos analfabetos funcionais, mas que não são absolutos.”

O Instituto Paulo Montenegro (IPM), braço social do Ibope, define, segundo a matéria de
Dantas, um alfabetizado funcional como sendo a pessoa “capaz de utilizar a leitura e a escrita para fazer frente às demandas de seu contexto social e usar essas habilidades para continuar aprendendo e se desenvolvendo ao longo da vida”. A matéria menciona ainda, que além de não haverem estatísticas precisas do número de analfabetos funcionais no Brasil, dependendo do “rigor do conceito” pode estimar-se um percentual de 25% a 75% dos brasileiros. Ou seja, dependendo do critério adotado, o analfabetismo funcional brasileiro pode atingir de ¼ a ¾ da população do País!

Mais recentemente, o jornal Destak publicou uma entrevista com o cientista político
brasileiro Alberto Carlos Almeida, autor do livro A Cabeça do Brasileiro. Nessa entrevista, o cientista político afirma que “a sociedade brasileira tem os governantes que merece” e diz categoricamente que, “como o brasileiro tolera a corrupção, há muitos escândalos.” Um dos principais motivos citados por ele para essa tolerância, está basicamente na baixa escolaridade, ou seja, “menos instrução, menos democracia”. É natural que a queda observada pela OIT na produtividade brasileira, seja um reflexo direto desse panorama triste em que se encontra a população brasileira.

O próprio meio em que vive o brasileiro não incentiva a educação. Seja pelas dificuldades
de sobrevivência, que enviam um contingente cada vez maior de jovens ao subemprego em detrimento da educação, seja pelo imediatismo em obter resultados, e que infelizmente, só podem ser obtidos a longo prazo, através de carreiras sólidas e estruturadas, a idéia que se passa aos jovens, é que a educação não faz diferença para o sucesso de um indivíduo, ou seja, que a chamada “escola da vida” é o que realmente funciona. E não são incomuns “exemplos de sucesso” bem pouco edificantes... Aliam-se a preguiça em aprender formalmente, comum na juventude, ao descaso da sociedade em geral em relação à educação, para tratar algo que é fundamental e inerente ao ser humano – o aprendizado – como algo supérfluo, aborrecido, que “não terá uso prático” na vida das pessoas.

Muitos pais querem que seus filhos estudem, a fim unicamente, de obter um pedaço de
papel após alguns poucos anos de estudo formal e “exigido” pela sociedade. Esperam com isso, que seus filhos tenham “uma vida melhor que a deles”. Não estão muito interessados nas portas que a base do saber formal pode lhes abrir, nem nas pessoas que seus filhos podem vir a se tornar após adquirirem a capacidade de gostar de aprender coisas novas e a pensar por si mesmos, fundamental para a sobrevivência dos seres humanos. Através do incentivo a essas atitudes, o Brasil continua perdendo a chance de fazer a diferença num mundo globalizado. Fica à mercê de políticos e empresários desonestos, que utilizam a ignorância das massas em proveito próprio, como estamos cansados de ler, ouvir e ver nos noticiários.

O papel da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no processo de reversão desse quadro
Felizmente, esse quadro negativo pode e vem sendo revertido aos poucos.
Diante de campanhas lançadas por entidades internacionais como a V Conferência
Internacional sobre Educação de Adultos - Confintea de 1997 e outras, os países estão ficando conscientes da necessidade da erradicação do analfabetismo no mundo para que o tão almejado aumento de produtividade e a sonhada competitividade internacional em um mundo cada vez mais globalizado realmente ocorra.

Na Confintea, a Declaração de Hamburgo sobre Educação de Adultos, preconiza
essencialmente:
“...A efetiva participação de homens e mulheres em cada esfera da vida é requisito fundamental para a humanidade sobreviver e enfrentar os desafios do futuro.
2. A educação de adultos, dentro desse contexto, torna-se mais que um direito: é a chave
para o século XXI; é tanto conseqüência do exercício da cidadania como condição para
uma plena participação na sociedade. Além do mais, é um poderoso argumento em favor
do desenvolvimento ecológico sustentável, da democracia, da justiça, da igualdade entre
os sexos, do desenvolvimento socioeconômico e científico, além de ser um requisito
fundamental para a construção de um mundo onde a violência cede lugar ao diálogo e à
cultura de paz baseada na justiça... (1999, p. 19)”

Os esforços brasileiros atuais, em especial o Programa Brasil Alfabetizado, de 2003, são
os maiores que o Brasil já fez para erradicação do analfabetismo. Esses esforços entretanto, seriam apenas letra morta, caso não houvesse a participação da sociedade civil. É graças a entidades como a Associação Alfabetização Solidária – ALFASOL, que esse e  outros programas de interesse para nossa sociedade conseguem ser implementados. Fundada há 11 anos, a ALFASOL tem se destacado como um modelo nacional em Educação de Jovens e Adultos.

Essa modalidade de ensino pode e deve ser estendida, do ponto de vista metodológico, a
outras modalidades existentes. No que diz respeito principalmente ao aproveitamento da “história de vida” de seus participantes e, em seu uso no processo de aprendizagem, a EJA demonstra sucessos semelhantes aos obtidos nos processos de etnoaprendizagem. É notório que o conhecimento humano é uma escada construída sobre os degraus colocados por nossos antepassados étnicos e/ou culturais. O homem não precisa reinventar a roda a cada geração. Mas pode melhorá-la.

Um dos maiores problemas enfrentados pelos estudantes, e eu me coloco nesse meio
quando recordo as dificuldades iniciais com números e outros conceitos um tanto quanto
abstratos, é que a capacidade de exemplificação de cada professor era o que nos fazia aprender ou não os conceitos dados. Foi a partir de meus estudos sobre a história grega, que conceitos como o dos teoremas clássicos ficaram mais claros. O fato de saber como viviam e como pensavam, me proporcionou um maior entendimento sobre seus cálculos, que eram uma incógnita à época em que os aprendi, pois não lhes conhecia a utilidade. Da mesma forma, um professor que não domina os conceitos culturais de seus alunos, não consegue, na maior parte das vezes, fazer-se entender a contento. Não porque os alunos sejam ignorantes, longe disso, mas simplesmente porque sua realidade cultural é tão diferente da do professor, que os dois não conseguem falar a mesma língua, mesmo ela sendo o português. São os assim chamados ruídos da comunicação.

Nas palavras de Ubiratan D’Ambrosio, professor dos programas de Pós-Graduação em História da Ciência e em Educação Matemática da PUC de São Paulo:  “o Brasil destacou-se juntamente com os Estados Unidos, pelo potencial da etnomatemática na educação. Em sintonia com o pensamento de Paulo Freire, ela demonstrou que, além da importante pesquisa sobre o saber e o fazer matemático de várias culturas, abordado nas dimensões etnográfica, histórica e epistemológica da etnomatemática, dá-se igual importância à dimensão pedagógica, uma vez que ela propõe uma alternativa à educação tradicional(2005, pág. 9). ” A idéia, portanto, não é de desprezar o saber acadêmico tradicional, mas sim de, complementá-lo quando necessário, com uma abordagem etnológica, a fim de aproveitar  os conhecimentos dos alunos como feedback para a reestruturação do conceito pedagógico utilizado.

Dessa forma, a EJA, além de ser um modelo pedagógico indispensável para vencer o
desafio do analfabetismo brasileiro de uma vez por todas, também pode ser considerada uma metodologia base para a formação de alunos e professores para os níveis elementar e médio. Dessa forma, esses docentes poderão entender melhor e vencer as barreiras de aprendizagem de seus alunos. Afinal, o que se deseja é que as pessoas aprendam a aprender. Só assim o conhecimento poderá ser multiplicado e plenamente utilizado. Isso vem diretamente ao encontro do interesse nacional em aumentar a produtividade e a
competitividade do país ao nível internacional.

(Postado por Dila Borges)

domingo, 25 de setembro de 2011

Depoimento de Aluna da EJA

etembro de 2008

Cópia fiel do depoimento de Ana - aluna de EJA



Eu me chamo Ana, nunca tinha ido a uma escola antes, a não ser para ir a reunião dos meus filhos. Eu sabia ler muito pouco, mas gostava de fazer palavras cruzadas. As vezes não dava certo, pois confundia as letras, dai falei com um rapaz da frente da minha casa que eu tinha vontade de estudar, ele me incentivou. Fiquei no inicio com vergonha, pois tenho cinco netos estudando aqui. Mas falei com a diretora e a vice, elas foram muito agradáveis comigo, dai comecei a estudar na 1ª etapa. Já estou na 2ª etapa. Eu fico muito feliz pois nesta escola me sinto bem e os professores são muito atenciosos com todos os alunos. Acho que sou a mais velha de todos, mas a dedicação que elas têm com nós, foi fundamental para eu me sentir segura. Estou amando esta escola e os professores, parece mentira que com 52 anos, eu, de dia sou avó destes alunos que são meus netos e a noite sou aluna. Eu gosto muito de ler o dicionário para saber o significado das palavras, a escola Adelmo fica bem perto da minha casa. Antes de começar estudar eu vivia tomando remédio para dormir e antidepressivo, agora não preciso nada disso. Sou feliz e adoro dias de semana para estudar. A minha escola é o máximo. Se você não conhece, venha conhecer, nossa escola é legal, os professores são nossos amigos. Na nossa escola tem dentista para cuidar do nosso sorriso. Em anexo a escola tem um PSF ou seja um Posto de Saúde, viu só como é legal nossa escola. Antes o pessoal falava que aqui era o carandiru, mas depois passou a ser a menina dos olhos de milhões de pessoas.
 Escola Municipal de E. F. Prof. Adelmo Simas Genro   

Evângela Cristina Costa Souza

A Educação e a Formação de Jovens e Adultos

A educação de    adultos   engloba  todo   processo de  aprendizagem,  formal  ou  informal, onde as  pessoas consideradas "adultas"  pela  sociedade  desenvolvem   suas  habilidades,   enriquecem   seu   conhecimento e aperfeiçoam suas qualificações técnicas e profissionais, direcionando-as para a  satisfação de  sua necessidades e suas sociedade. A educação de adultos  inclui a educação  formal, não- formal e o espectro  da aprendizagem informal e incidental disponível numa sociedade multicultural, onde   os estudos  baseados na   teoria e na prática devem  ser reconhecidos. Declaração  de Hamburgo. UNESCO, MEC, 2004.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

a Declaração de Hamburgo sobre Eja

a Declaração de Hamburgo sobre Educação de Adultos, preconiza
essencialmente:
“...A efetiva participação de homens e mulheres em cada esfera da vida é requisito fundamental para a humanidade sobreviver e enfrentar os desafios do futuro.
2. A educação de adultos, dentro desse contexto, torna-se mais que um direito: é a chave
para o século XXI; é tanto conseqüência do exercício da cidadania como condição para
uma plena participação na sociedade. Além do mais, é um poderoso argumento em favor
do desenvolvimento ecológico sustentável, da democracia, da justiça, da igualdade entre
os sexos, do desenvolvimento socioeconômico e científico, além de ser um requisito
fundamental para a construção de um mundo onde a violência cede lugar ao diálogo e à
cultura de paz baseada na justiça... (1999, p. 19)”